EXODUS
e a Transição Planetária

Marcelo Niess

Exodus é uma saga de ficção científica espírita que une ação, mistério e revelações mediúnicas sobre o destino da humanidade.

O último voo

Os Caçadores de Ineptas estavam no vestiário, colocando seus uniformes e equipamentos para a próxima missão na Terra. O clima era tenso. A presença de um novato na equipe incomodava, ainda mais sendo Prim. Além da liderança de Dunkan, a equipe era composta por quatro guardiões, dois ceifadores e dois transferidores. Nenhum deles estava à vontade com a ideia de ter Prim ao seu lado.

Uma guardiã e um ceifador conversavam de costas enquanto se equipavam.

— Esse cara não devia estar aqui, Tyron. — comentou a guardiã.

— Também acho, Zyla. — concordou o ceifador, lançando um olhar desconfiado para Prim.

— Ainda tenho queimaduras dos choques que levei na arena. — disse Zyla, levantando a camiseta e mostrando uma mancha vermelha na barriga.

— Eu então! Mal consegui dormir naquela noite de tanta dor.

Zyla era uma draxiana de beleza marcante. Sua pele escura contrastava com os olhos vermelhos e brilhantes. Vinda de um planeta de tempestades constantes, era conhecida por sua força e resistência.

Tyron, mais pacífico, era um ser de inteligência elevada. Sua pele azulada e os desenhos semelhantes a escamas davam um ar imponente à sua figura de quase dois metros. A presença de Prim o inquietava, pois desestabilizava o equilíbrio que tanto valorizava.

Zarn, outro guardião, de aparência semelhante a um africano, não participava das conversas. Terminou de se equipar e chamou:

— Vamos, pessoal! Dunkan está esperando na Sala de Operações.

A equipe se apressou, mas continuava lançando olhares desconfiados para o novato.

**********

Na Sala de Operações, Dunkan detalhava a missão diante de um painel transparente que exibia a imagem de um grande avião de passageiros, a foto do piloto, a rota do voo e várias outras informações.

— Hoje teremos uma missão muito especial.

Apontando para a imagem do piloto, continuou:

— Iremos capturar um único inepta, o piloto deste avião. — apontando — Neste momento eles estão sobrevoando esta área no oceano Índico. — circundando o local.

Uma ceifadora magra, de traços orientais, perguntou:

— Mas nessa área não tem nada além de água, chefe! O que esse avião está fazendo ali?

— Boa pergunta, Vora! Em poucos minutos, esse avião vai cair no mar gelado. Precisamos capturar o espectro do piloto antes que as forças das trevas o levem para os abismos, de onde será quase impossível resgatá-lo.

Um dos transferidores levantou a mão.

— O que foi, Trib?

Trib, um zeta reticuliano — ou grey — era pequeno e magro, com braços e dedos longos. Sua cabeça grande e olhos amendoados contrastavam com o nariz quase inexistente e a boca minúscula. Sua voz era aguda e baixa.

— Qual o interesse dos seres das trevas em um simples piloto?

— Ele não é um simples piloto. É um ativista político, com ligações com extremistas religiosos. Este voo — apontando — é um suicídio e, ao mesmo tempo, um genocídio.

A revelação chocou todos. Vexy, uma transferidora pleiadiana como o almirante Kurt, perguntou:

— E os Guerreiros da Luz, Dunkan? Eles não podem impedir esse kamikaze?

— Eles poderiam… — respondeu Dunkan — mas não vão. Esse acidente foi autorizado pela Governança da Terra, pois se trata de um resgate coletivo.

— Por quê? — perguntaram vários ao mesmo tempo.

— Porque é preciso que esse acidente aconteça para libertação desses passageiros.

Prim não se conteve:

— Está de brincadeira? Quer dizer que a morte agora é considerada libertação? Isso é absurdo!

— Não é não, Prim! A Confederação Galáctica recebeu um pedido da Governança da Terra para não tentar impedir o acidente, pois ali estaria acontecendo um resgate coletivo.

— Ah, não! — retrucou Prim — Quer dizer que os governadores da Terra, sabendo que esse piloto suicida iria cometer esse ato suicida, permitiu que centenas de pessoas embarcassem nesse voo da morte? Não acredito nisso. Onde está Deus nessa história?

— Olha que coisa mais linda… — respondeu Dunkan, com um ironia — Nosso ex-inepta assassino se converteu a Deus!

— Não é nada disso, Dunkan! — retrucou Prim, contrariado — Só quero entender por que ninguém do lado de cá vai fazer alguma coisa para impedir esse genocídio.

Dunkan balançou a cabeça afirmativamente.

— Pois bem! Vou explicar pra vocês! Todos a bordo, menos o piloto, têm dívidas graves de vidas passadas. Muitos participaram de rituais satânicos, afogaram inimigos ou famílias inteiras. Este acidente é a forma de acerto cármico, evitando que sejam enviados para Vetris.

— Então é uma segunda chance de escapar da extradição? perguntou um ceifador — Isso não é justo! Eu mesmo tive que capturar meu avô e trazê-lo para a Exodus para que fosse deportado para Vetris.

— Eu soube dessa história, Tyron. Mas, aquela já era a segunda chance do seu avô e ele a desperdiçou ao matar o vizinho por disputas de terras. Todos os ineptas que capturamos tiveram mais de uma oportunidade, e às vezes até a terceira, de se corrigirem e passarem a fazer o bem.

O ambiente ficou em silêncio. As palavras de Dunkan ecoavam nas mentes de todos. Após uma breve pausa, Prim perguntou:

— Iremos capturar alguns passageiros?

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